2015-03-26

Lá vem o carteiro



"Manhã cedo segue a marcha, sempre a mesma cadência
E lá vai de caixa em caixa metendo a correspondência
Para uns são alegrias para outros tristezas são
O carteiro não tem culpa, é a sua profissão"

- Não tem culpa, o caraças! O carteiro que hoje me bateu (num sensual encosto entre motas), além de ter batido por trás quando eu estava parado no semáforo, estava bêbado. Muito bêbado.

"Chegou o carteiro, das nove prás dez..."

- Eram nove para as dez eram... mais coisa menos coisa. E nove para dez era também o número de bagaços que aquele menino já tinha no bucho logo de manhã. Ainda por cima chegou petrás, sem pedir licença.

 E o carteiro que não era gago mas era bêbado, depois de encostar a roda da frente dele à minha traseira, responde-me assim:

"Pé-pé-pé-pé-pé-peço desculpa"

E não continuou a cantiga, porque o semáforo passou a verde e arrancou a fundo e aos esses, estrada afora, como quem tem pressa para entregar a correspondência, mas era mentira, que eu sei. Era mazéra o nebuêiro nas bistas. Mais abaixo ia-se espetando numa Ford Transit, mas não bateu por um ou dois cagagésimos, isto apesar de ter feito um zigue em vez de um zague.

E foi esta parte que me estragou por completo o texto, porque agora já não posso terminar com:

- O carteiro bate sempre duas vezes.

Merda.