2013-10-30

Pinheiro por intenso



Acabei de chegar da PSP onde fui prestar declarações na qualidade de testemunha de uma sessão de pancadaria aqui no Bairro Azul. Fui recebido por um agente muito simpático, que passou com distinção na cadeira de "Falar Axim", parte integrante do currículo do curso de Polícia, a par de outras bem difíceis como a cadeira de "Palavras Complicadas", onde se aprende a usar termos como "desacato", "transeunte", "inopinadamente" e "tudo para fora da zona de segurança".

Antes de ouvir o meu testemunho, o agente estava ao telefone a dizer o seu email a alguém:

"Agá... Pê... Pinheiro... Arroba... Pê Exe Pê... Ponto... Pêtê..."

Pediram para repetir, e ele:

"Agá... Pê... Pinheiro por intenso... Arroba..."

Depois lá chega a altura de começar a prestar declarações, e eu disse que não tinha visto como começaram as agressões, daí não saber quem tinha iniciado a agredir quem. Não houve problema, o agente Pinheiro deu uma ajuda:

"Pois claro, o xenhor só diz o que viu... Ora imagine que eu estou na rua a levar caxetada, já com o nariz de lado e a xangrar da boca, no chão, hum? E eu agarro num pau e digo «olha, tenho que me proteger, vou lixar este indivíduo antes que ele me mate, num é?» e desato à paulitada no agrexôr. Ora agora imagine que o xenhôr vem a paxar e vê-me a bater no pau... Errr, quer dizer, a bater COM o pau. No indivíduo. Como é? Quem tem a culpa...? Ixo é o juíz que depois dexide..."

E foi aqui que tudo se complicou. Eu que estava a aguentar heroicamente há tanto tempo sem me rir , tenho agora que lidar com a imagem do agente Pinheiro por intenso, a ser agredido e a ripostar batendo no pau...

Ser testemunha ocular é uma coisa muito mais difícil do que parece.