2013-11-29

Cosmo Kramer



Ontem bateu-me à porta do escritório um sósia do Kramer. Abri, e iniciou-se uma conversa que nem o Seinfeld se lembraria de escrever:

Eu: "Boa tarde, diga..."
Sósia do Kramer: "Que café é este?"
Eu: "Não é um café, é uma empresa de informática"
SK: "O que é Informática?"
Eu: "Errrr... Isto é uma empresa de software para bibliotecas"
SK: "O que é uma biblioteca?"
Eu: "Não é uma biblioteca, é uma empresa de sofware"
SK: "Software... Isso apanha vírus?"
Eu: "Não este não tem vírus..."
SK: "Ah, nesse caso grrrrrmffffffhhhnnneeeee..."

E virou-se para o lado e de repente arrancou.

Depois de fechar a porta, aliviado pelo facto do Kramer ir lá à vida dele - ter com o George, ou assim - pus-me a reflectir sobre esta interessante conversa. Cheguei à conclusão de que não sei definir o conceito de Informática, nem para um maluco.

Mas fiquei descansado por haver pessoas no mundo que se preocupam com as infecções e o estado de saúde do software com que trabalho. Foi um "grrrrrmffffffhhhnnneeeee..." bastante tranquilizador.

2013-11-19

Portuguejacking


Com esta violência tributária a que temos sido sujeitos nos últimos anos, a fuga ao fisco em Portugal
já deixou há muito de configurar um crime. É claramente legítima-defesa.

2013-10-30

Pinheiro por intenso



Acabei de chegar da PSP onde fui prestar declarações na qualidade de testemunha de uma sessão de pancadaria aqui no Bairro Azul. Fui recebido por um agente muito simpático, que passou com distinção na cadeira de "Falar Axim", parte integrante do currículo do curso de Polícia, a par de outras bem difíceis como a cadeira de "Palavras Complicadas", onde se aprende a usar termos como "desacato", "transeunte", "inopinadamente" e "tudo para fora da zona de segurança".

Antes de ouvir o meu testemunho, o agente estava ao telefone a dizer o seu email a alguém:

"Agá... Pê... Pinheiro... Arroba... Pê Exe Pê... Ponto... Pêtê..."

Pediram para repetir, e ele:

"Agá... Pê... Pinheiro por intenso... Arroba..."

Depois lá chega a altura de começar a prestar declarações, e eu disse que não tinha visto como começaram as agressões, daí não saber quem tinha iniciado a agredir quem. Não houve problema, o agente Pinheiro deu uma ajuda:

"Pois claro, o xenhor só diz o que viu... Ora imagine que eu estou na rua a levar caxetada, já com o nariz de lado e a xangrar da boca, no chão, hum? E eu agarro num pau e digo «olha, tenho que me proteger, vou lixar este indivíduo antes que ele me mate, num é?» e desato à paulitada no agrexôr. Ora agora imagine que o xenhôr vem a paxar e vê-me a bater no pau... Errr, quer dizer, a bater COM o pau. No indivíduo. Como é? Quem tem a culpa...? Ixo é o juíz que depois dexide..."

E foi aqui que tudo se complicou. Eu que estava a aguentar heroicamente há tanto tempo sem me rir , tenho agora que lidar com a imagem do agente Pinheiro por intenso, a ser agredido e a ripostar batendo no pau...

Ser testemunha ocular é uma coisa muito mais difícil do que parece.

2013-07-11

Laugh Out Loud

Troca de emails de hoje, ao tentar encontrar uma casa para 6 pessoas na Madeira:



EU:

Boa tarde,

Notei que o aluguer mínimo que fazem para a vossa casa é de 5 noites, no entanto vinha por este meio indagar da possibilidade de abrirem uma excepção para 3 dias, dado que o mês que pretendemos é Novembro.

Muito obrigado desde já!

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PROPRIETÁRIO:

Boa tarde Sr. Tiago,

O facto de darmos preferencia a estadias a partir dos 5 dias deve-se ao trabalho, preparação e limpeza antes e após estadia, jardinagem, arredores, etc. que não é compensador para estadias de 2 dias, mas entendemos perfeitamente que muitas pessoas desejem passar apenas 1 fim de semana.

Podemos abrir excepção sim, contando que o valor a pagar por essa estadia corresponderá ao valor do aluguer mínimo (5 noites). 

Qualquer questão que necessitem estamos à disposição,

Amavelmente

___________________________________

EU:

LOL

Com os melhores cumprimentos,
Tiago de Oliveira Lopes Grilo

2013-03-22

Sr. Mário Grylls

Todos conhecem Bear Grylls, o ex-militar e biólogo britânico que explica como sair de situações extremas, se por exemplo estivermos perdidos no meio de uma floresta. No programa do Discovery Channel vimo-lo exemplificar várias vezes como sobreviver comendo lesmas, dormindo dentro de um camelo em decomposição e bebendo a sua própria urina logo pela manhã para revitalizar.

Estupidez pura.

Agora que o Discovery Channel despediu Bear Grylls devido a este ter falhado um compromisso que incluía dois projectos-mistério de sobrevivência, acho que há um português que tem tudo para nesta altura de crise conseguir um excelente emprego. Falo do Sr. Mário Vaz, que esteve perdido 8 dias na serra da Sertã. Quando apareceu, estava lá a equipe de reportagem da SIC. Durante a entrevista pôde-se escutar este diálogo:

Então e ó Sr. Mário, como é que se arranjou, bebeu água...?

- Eu? Foi muito fácil. Tinha lá uma garrafa de 2 litros com vinho. 

A sua sorte foi com o vinho. O vinho é que o conseguiu...

- Alimenta! Agora é que eu percebi que alimenta. Uma garrafa. Mas olhe que não era para goladas. Mal ia à língua!

Afinal o que interessa para sobreviver é beber com moderação. Tenho um projecto para vender ao canal que mais dinheiro me oferecer: enfia-se o Sr. Mário Vaz num helicóptero (num táxi, vá, se o budget for curto) e deixa-se o homem no meio de uma selva (ou no parque nacional da Peneda-Gerês) durante duas semanas só com um camera-man. Para sobreviver apenas contará com um garrafão de 5 litros de Casal da Eira tinto, uma telefonia (para ouvir o Benfica e manter a moral em alta) e uma foto da Fanny da Casa dos Segredos, para o lembrar de que há sempre pessoas em pior situação do que nós.

Sei que é uma ideia vencedora. Conseguir patrocinadores é fácil, basta falar com a Cooperativa de Almeirim e estou certo de que haverá garrafões ou bag-in-box's para filmar uma série inteira, e sem ser preciso ultrapassar 20 euros em vinho. Em termos de conteúdos, é simplesmente imbatível. O que é que vocês escolheriam:

Ver o Bear Grylls a espremer água para a boca a partir de uma bosta de elefante ainda morninha, ou ouvir o Sr. Mário falar sobre cenas avulsas depois de 5 dias só a mamar Touriga Nacional?

2013-01-07

SLB - Só uma Ligeira Bubadeira


Ontem durante o jogo Estoril-Benfica, na Casa do Benfica de Abrantes, passa um conhecido de uma das pessoas que estava connosco à mesa. Vinha da máquina do tabaco, onde depois de enfiar moedas em várias ranhuras - umas reais outras de realidades mais ou menos paralelas - se ajoelhou para recolher o maço.

"Eh pá, vai lá ali buscar umas bebidas para a gente"
"Tá bem. O que é que querem?"
"Um licor beirão, duas minis e uma imperial traçada, se fazes favor"

Ele leva o dinheiro, cambaleia simpaticamente até ao balcão, olha para nós e volta para trás.

"O que é que vocês querem?"
"Um licor beirão, duas minis e uma imperial traçada"
"Uma mini, duas imperiais e um beirão?"
"Não pá, um beirão, duas minis e um panaché"

Segunda tentativa. Lá vai ele em slow-motion até ao balcão a tentar não se esquecer do pedido.

"- Vais ver que o gajo vai aparecer aqui com dois mata-moscas e um piriquito..."


República Dorminacama

A crise económica afectou a família Dias como a tantas outras. A avó Felismina viu ser-lhe reduzida a reforma de empregada da Carris. Ao seu filho António, engenheiro da Câmara, retiraram-lhe os subsídios de férias e de Natal. Cristina, sua nora e mãe do Luís, que acabou este ano o secundário, perdeu o emprego  no colégio onde trabalhava desde 1989.

Mas a família Dias sempre foi demasiado imaginativa para deixar que os seus sonhos fiquem semi-mortos e em câmara ardente.

Felismina deixou de planear aquela excursão ao santuário de Lourdes e decidiu ir à igreja de Loures, que assim como assim, a menos que a outra só tem um "d".



O casal Dias resolveu passar na mesma uma semaninha de férias na praia para relaxar. Apenas trocou Saint-Tropez por São Torpes. "A água até que é mais quentinha", costuma dizer António para tentar fazer rir Cristina, coisa que nunca surte grande efeito.

 


Já o Luís, que não pôde participar na viagem de finalistas a Benidorm em Julho passado, também resolveu seguir o exemplo da família em relação aos trocadilhos com os nomes dos locais. Há 6 meses para cá que se empenha com todas as suas forças e faz apenas duas coisas: Bebidorme.