2009-04-13

Acidente de Trabalho


Vou deixar de ser boa pessoa. A sério. Já disse isto a muita gente e ainda não cumpri o prometido, mas em breve serei má pessoa. Daqueles que vão sizudos de manhã nos transportes públicos. E vou deixar de me lavar por debaixo, também, mas isso é só porque eu quero.
Estou "por aqui" (estou neste momento a fazer aquele gesto extremamente gay com a mão na testa, que simboliza uma pessoa estar cheia) de ser tratado como um anormal de cada vez que me predisponho a ajudar alguém.

Ainda no sábado, aí pelas 23h, a sair de uma autoestrada, passo por um conjunto de umas 30 pessoas que me pareciam peregrinos e nesse momento há um que cai redondo no chão. Eu paro, abro o vidro e pergunto se precisam de ajuda, ao que o próprio gajo responde, do chão, e com um olhar desconfiado "sem stresses, ó bacano", como quem diz "não me tentes ajudar senão parto-te a boca toda". E eu tudo bem...

Há minutos atrás, ouço um motor a acelerar a fundo aqui à frente do escritório, durante uns 2 ou 3 minutos. Achei tempo a mais, mesmo para um qualquer gajo do tunning que tem gosto em acelerar carros parado na rua, e fui lá ver o que se passava. Pânico! Estava uma Renault daquelas todas 4X4 com o motor no grito, enquanto o condutor tentava travar e ao mesmo tempo desligar o motor, coisa que o carro do demo não permitia. E o pior é que este caos todo se dirigia a passos largos na direcção da minha mota, pelo que fui puxá-la para cima do passeio, para não levar com uma carrinha em fúria em cima. O motor começou a esguinchar óleo por todos os lados e o fumo espesso já era da altura do prédio aqui do lado, pelo que fui lá para ajudar o homem a desligar o carro. Nesse momento, aquilo lá se desliga, mas o fumo e os esguinchos continuam, e eu feito parvo disse "olhe, ali naquela garagem costuma estar um mecânico" e "precisa de ajuda para alguma coisa?".

O homem nem me respondeu.

A mulher olhava para mim e perguntava "Vai isplodji? Vai isplodji?"

Virei costas e fui-me embora, a desejar com muita força que os filmes de Hollywood fossem reais e o carro efectivamente isplodjisse. Mêismo.

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9 comentários:

Nostalgia disse...

Percebo perfeitamente...às vezes as pessoas entram em choque com certas situações e podem não responder, mas isso é outra história. O que é um facto, é que hoje em dia as pessoas não estão habituadas à boa vontade. Estranham, e às vezes ainda são ingratas ou malcriadas, o que dá uma grande vontade de os mandar a um sitio q eu ca sei, por nos fazer sentir imbecis...eu propria ja parei pensar no que tu reflectiste aqui hoje.

Parar o q se está a fazer para auxiliar alguem e ainda levar com uma má cara, é do car*****

Acho mesmo que as pessoas estão cada vez mais estúpidas.

tiagugrilu disse...

Sim, especialmente nas cidades... O estranho é que em cidades europeias, bem maiores, não aparenta ser assim. E isso dá que pensar.

Anónimo disse...

Ei... eu sou esse gajo! Esse que vai sempre sizudo na rua e nos transportes públicos e que se vir alguém estendido no chão nem abranda o passo. Mas tenho razões para isso: nasci sem os genes da compaixão e da empatia e tenho um profundo asco pela humanidade em geral.

tiagugrilu disse...

Por momentos pensei que eras o gajo do carro que empancou aqui à porta.

Escuta lá, tu lavas-te por baixo?

Anónimo disse...

Só nos fins de semana prolongados.

tiagugrilu disse...

Ah!

- Pelo sim pelo não... É como eu. Está, aliás, a fazer-me alguma espécie ter isto tão reluzente, neste período pós-pascal.

A disse...

eu concordo contigo. ainda no outro dia ia sereno pela autoestrada em direcção ao porto a ultrapassar dentro do limite de velocidade, quando chega um gajo atrás de mim a fazer-me cenas com as luzes. eu achei que fazer-me cenas com as luzes não era bem, educadamente liguei as luzes de nevoeiro para o avisar que era de noite e que chovia, para ele ter algum cuidado com a condução. aparentemente o senhor não gostou e quando acabei a minha ultrapassagem, guinou o carro e tentou enfaixar-me contra os rails. como viu que isso não funcionou, meteu-se à minha frente e travou, a sorte dele é que sou um tipo porreiro se não ia atrás dele... por isso e por não ter um carro todo tunning como o dele.

Anónimo disse...

E o gajo tinha boné? Aposto que tinha boné...

tiagugrilu disse...

Epá, aconteceu-me exactamente a mesma coisa. Mas foi mesmo hardcore, porque a intenção dele era mesmo abalroar-me. A sorte foi que me desviei a milímetros de ele me bater.

A grande diferença? Era um tipo com ar de shótôr, todo engravatado e num BMW daqueles todos à engenheiro.

É um fenómeno muito estranho, o do driving rage.