Todos nós passamos diariamente pelos cromos que se tornam habituais, e alguns são parte da paisagem cultural de uma zona ou de um bairro.
Passo umas quatro vezes por dia por um arrumador de carros que exerce ali num cruzamento ao pé da Portugália, um homem na casa dos 50 com a dignidade de um construtor civil, e exactamente com a mesma prepotência. Fez da paragem do autocarro o seu cacifo pessoal, arrumando os seus bens num cabide que instalou para o efeito, ao qual acoplou uma placa com a seguinte mensagem: "NÃO MEXE."
Esta assertividade que intimida é coisa para me fascinar renovadamente de cada vez que lá passo. Ontem ia de mota a passar esse cruzamento quando um automobilista por pouco não abalroa um gajo de mota e se prepara depois para se atravessar à minha frente, sem contar com o poder demolidor da minha buzina (que parece a de um táxi), completamente desfasada da mini-mota que conduzo. O gajo trava e eu passo, não sem levar um olhar terno e um acenar de cabeça positivo por parte do NÃO MEXE. .
Já mandei fazer o autocolante para meter na mota:
"Aprovado pelo NÃO MEXE."
.
22 comentários:
porra, que bem. se um dia passares lá de carro, vais ter de certeza um lugar especial e até podes deixar as coisas no cabide do NÃO MEXE. só não te safas de lhe dar a moedinha.
Não sei não. O gajo tem cara de quem te pode matar à cabeçada se tentares tal aventura, pá...
Um dos meus sonhos era um dia ser arrumador de aviões, daqueles que dizem "destroce, destroce" enquanto abanam pauzinhos fluorescentes. "Orienta aí uns érios senão vou buscar um escadote e risco-te o avião todo, sócio."
A minha mãe tem um tio já muito velho que vive na Madeira e tem casa no Algarve.
Quando ia ao Algarve levava consigo um caniche de pêlo branco de seu nome Lili ou Lulu (tinha eu uns 3/4 anos).
Perdida que sou por animais, ia para ao pé do cão para lhe fazer festas.
O ignóbil do velho, todo tremelicó com o cão, virava-se para mim e repetia "Não mexe! Não mexe!"
Resposta minha "Anda cá, Não Mexe, anda cá!"
Tenho a impressão que esta foi a história mais educativa que já te contaram.
Ufa! Alexandra, estava a ler a tua história que envolve velhotes da Madeira e crianças e temia o pior. Tenho de deixar de ver só o mal nas pessoas...
Pior que um velho jarreta a dizer a uma criança para não mexer no cão?
Hoje em dia tenho a compulsividade de fazer festas em tudo o que é bicho. A última vez que me aproximei de um Doberman ia ficando sem mão.
Idem. Curiosamente, o único animal que me mordeu foi um caniche de uma tia minha que ficou pendurado na minha mão. Depois, dei-lhe a capacidade de voar.
Mas se um dia, no jardim, um senhor sentado com uma caixa de cartão no colo vos perguntar se querem fazer festas no bicho que ele tem lá dentro digam que não, ok?
A menos que o senhor em causa tenha uma t-shirt do Pikachu, nesse caso sou eu e podem vir à confiança.
Por falar no Pikachu, será que ele, na intimidade, diz às meninas coisas como "pikachupa-mos"?
"vamos jogar aos põekáamão."
Bem, nem sei por onde começar...
Alexandra,
Era bem pior se o velho dissesse com intensidade "mexe, mexe, filhinha" (Ler com sotaque madeirense*)
*muexe muexe f'lhêinhó
CBlues,
Dar a capacidade de voar a um bichinho desses é comovente, pá. Se aparecesses na Oprah, via o programa todo.
snif...
Anónimo,
Estimo em ver a tua insanidade mental a aumentar com a aproximação do fim de semana.
E Dragamasballs Z?
O Dragonball tinha a personagem com o melhor nome da história dos nomes de personagens: Coraçãozinho de Satã. Nem as Bond girls têm nomes melhores.
A sanidade nunca foi muita para começar...
"Coraçãozinho de Satã" é LINDO, e por acaso faz parte do meu léxico.
Há um petisco que aprendi a gostar recentemente - coraçõezinhos fritos - aos quais eu chamo sempre Coraçãozinhos de Satã.
love it.
E se tivesse traduzido Freezer, o Dragon Ball Z teria sido ainda mais espectacular.
Teríamos o Son Goku à porrada com uma Arca Frigorífica.
Eu disse coraçãozinhos de satã?
Era coraçõezinhos... Peço desculpa às centenas de frangos cujos corações já degluti.
Ya, Grassa
- Tb podiam chamar-lhe Indesit, à laia de Cimbalino.
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