Estava a falar com uma amiga minha, que me disse que eu tinha optado por não enveredar profissionalmente pela escrita nem pela fotografia por uma mesma razão: por ser "mariquinhas pé de salsa".
Argumentei que em Portugal só vive da escrita quem tem pais ricos e que as minhas fotografias não me dariam dinheiro nem para comer. Acrescentei que, além disso, o mais importante era eu não ser capaz de trabalhar criativamente com prazos nem com metas.
Ela respondeu-me:
"Não trabalhas por encomenda mas isso não impede coisa nenhuma.. No outro dia li uma cena incrível acerca de Sophia de Mello Breyner: no fim da sua vida, contaram os poemas que tinha escrito, e era qualquer coisa como um por ano, ou assim... Fiquei impressionadissima... A delicadeza é extraordinária..."
Disse-lhe:
"Pois... filha do Nicolau Breyner... Assim também eu!
