2017-04-28

Nossa! Senhora...



Abaixo deixo três excertos retirados de um PDF disponível online, "Documentação crítica de Fátima: seleção de documentos (1917-1930)". Podem ler só o que está a negrito, que eu sei que vocês são preguiçosos:

"Primeiro viram um relâmpago, levantaram-se e começaram a juntar as ovelhas para se irem embora com medo, depois viram outro relâmpago, depois viram uma mulher em cima duma carrasqueira, vestida de branco, nos pés meias brancas, saia branca dourada, casaco branco, manto branco, que trazia pela cabeça, o manto não era dourado e a saia era toda dourada a atravessar, trazia um cordão de ouro e umas arrecadas muito pequeninas"
(1ª Aparição – 13-5-1917)

"O traje era: um manto branco que da cabeça chegava ao fundo da saia, era dourado da cintura para baixo dos cordões a atravessar e de alto a baixo e nas orlas era o ouro mais junto. A saia era branca toda e dourada em cordões ao comprido e a atravessar, mas só chegava ao joelho; casaco branco sem ser dourado, tendo nos punhos só dois ou três cordões; não tinha sapatos, tinha meias brancas, sem serem douradas; ao pescoço tinha um cordão de ouro com medalha aos bicos; tinha as mãos erguidas; tinha nas orelhas uns botões muito pequeninos e muito chegados às orelhas"
(2.ª Aparição – 13-6-1917)

"Que tinha visto uma mulher pequena 4 vezes, uma em sua casa à noite e três na Cova da Iria ao meio dia; diz ser do tamanho da Albina, filha de António Rosa da Casa Velha ; em casa viu-a à borda do alçapão do sótão, não dizendo nada; estava a mãe e irmãos a dormir e era de noite; na Cova da Iria viu-a em pé em cima duma carrasqueira ; vinha vestida com meias brancas e fato todo dourado; não trazia sapatos; a saia era branca e toda dourada e dava-lhe pelos joelhos; o dourado era aos cordões a atravessar e nos cordões aos biquinhos; casaco branco todo dourado; um manto pela cabeça era branco e todo dourado"
(3.ª Aparição – 13-7-1917)

    - Nem o mais fervoroso dos católicos pode negar as diferenças entre o aspeto da figura da fotografia acima e as descrições que acabaram de ler. Nota-se na pelo texto que Maria saiu à pressa de casa, porque apesar de ir toda arranjadinha, cordão de ouro no pescoço e tudo, não teve tempo de calçar uns sapatos. Ou isso ou escolheu ir de meias para subir à carrasqueira. Um salto agulha vai melhor com uma saia de look casual? Vai sim senhor, mas não tem a mesma aderência a este tipo de azinheira.

    Também apareceu de meias no sótão, mas aí deve ter sido por causa do barulho. Se tivesse aparecido de sapato de tacão alto, acordava a casa inteira e não é com estardalhaço que se avisam as criancinhas sobre os perigos do comunismo que iria florescer na Rússia.

    Depois há a saia pelo joelho. A existir, Nossa (primeiro nome...) é muito mais cool do que querem fazer parecer com aquelas estatuetas. Uma saia daquelas em 1917 deve ter feito furor, mas entre maio e julho faz um calor na zona de Leiria que não é brincadeira nenhuma, pelo que me parece muito mais lógico uma saia pelo joelho do que uma espécie de roupão branco até aos tornozelos com um carapuço. Era a Cova da Iria em julho, não o Covão da Ametade em janeiro.

    Sei que não sou um mago do Photoshop, mas sei colocar em imagem o que me relatam. Vejam lá se esta versão não está muito mais parecida com a descrição da Lúcia, do que aquela boneca que eles têm lá em Fátima:


O pastorinho Francisco está ali a fazer a óbvia pergunta - que se impunha - e que mais ninguém teve coragem de fazer: "Mas... mas... mas e porque é que veio de meias, Nossa Senhora?"