Ai, eu sou tão Rebelde

Estreou ontem a série Rebelde Way, a versão da Sic dos Morangos com Açúcar, que promete tirar os putos todos do Hi5 e do MSN pelo menos meia hora por dia. Para depois voltarem logo a seguir, claro.

A nova série da Sic é um deja-vu daquilo que aconteceu no início da TVI. Se bem se lembram, surgiu primeiro a SIC, que teve desde logo audiências enormes, depois roubadas pela TVI. Ora o Balsemão resolveu o assunto à base de... Mamas! Com o Água na Boca. E agora foi igual: o Rebelde Way é igual ao Morangos, mas com mamas. A primeira cena era um diálogo de dois putos na praia, com 2 miúdas em topless em 2.º plano. Aí está a táctica perfeita. Um bom par de mamas nunca falha. A Sic meteu logo dois pares. Para não arriscar.

Apesar de à primeira vista parecer um tema absolutamente desinteressante, queria aqui analisar esta série sob o ponto de vista social. Estas séries acabam por ser um espelho da sociedade, onde se podem ver projectados os desejos e ambições dos adolescentes, acabando por ser também o inverso, ou seja, um modelo a seguir. E é aqui que reside o perigo, se atentarmos aos cenários, personagens e extracto social que constituem toda a ideia base por detrás da série. Do pouco que vi, parece-me que todo o trama se desenrola na alta sociedade, entre filhos de grandes empresários, de políticos, de actores, etc. Todos estudam num colégio interno estupidamente chic, que provavelmente terá bolsas para meia dúzia de meninos pobres que representarão a classe baixa e média.

Parece-me mau. Terrível. É de facto um espelho, mas de um país cada vez mais terceiro mundista, em que os miúdos pobres vivem meia hora de ilusão por dia e estabelecem objectivos iguais aos dos "rebeldes" da série (com um pai rico também eu era rebelde...), o que invariavelmente origina cabeças ocas. Não é de espantar. A série é argentina, fez um enorme sucesso em países como o Brasil, o Chile e o México, e decerto não vai falhar em Portugal. Já temos assaltos violentos a abrir o telejornal todos os dias, já começa a desaparecer a classe média, já temos muita gente filthy rich, já temos bairros de lata, somos o único país da Europa com três jornais desportivos diários sobre futebol... Estamos portanto no bom caminho para sermos um dos países mais desenvolvidos do Terceiro Mundo.

A parte positiva...?

Só mesmo as mamas.

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