O Orçamento do Estado para 2012 contempla mudanças para a categoria máxima de IVA para alguns produtos como a coca-cola, os aperitivos e as batatas-fritas, que até aqui eram considerados bens de primeira necessidade. Não percebo isto.
Quando uma pessoa chega às 5h da manhã com aquela fome malvada, o que é que é de primeira necessidade? Coca-colinha e aperitivos, obviamente. E pizza.
Que também passou para 23%...
Há outras coisas, como as pastas dentífricas, que há muito estão no escalão máximo, mas com isso até que nem discordo: um gajo quando acaba a coca-cola, os aperitivos e a pizza, não tem cá tempo para ir lavar os dentes feito maricas, vai é direitinho para a cama, que já é tarde. Perfeitamente compreensível.
No outro dia de manhã - que é como quem diz duas da tarde - quando se acorda com a boca a saber a papel de música, o que é que é de primeira necessidade? - Uma garrafinha de água. Qual quê, agora se queremos aguinha para curar a ressaca, é da torneira e com sabor a Mistolin (
in Dica da Semana, edições LIDL), porque a outra está no mesmo escalão da coca-cola. Do mal o menos: bebe-se outra coca-colinha frescola que até tem cafeína e assim-comássim, arrebita a pessoa.
Toda esta parvoíce serve apenas para vos pôr mais bem dispostos antes do tema principal: o golfe e todo o equipamento relacionado vai continuar a ser taxado a 6%.
Sem água e pasta de dentes qualquer um passa, mas sem golfe, não dá.
É de primeira necessidade.
Todos sabemos o quanto está cada vez mais difícil para um trabalhador precário ou para uma dona de casa, comprar um mísero taco e umas quantas bolas de golfe, para esquecer a crise ir dar umas relaxantes tacadas para Vilamoura. Isto sim, é um verdadeiro serviço de saúde.
O argumento do executivo de Sócrates quando desceu o golfe do escalão de IVA máximo para o mínimo foi o de que aquele desporto atrai muito turismo, e que várias áreas da economia portuguesa benificiam com a vinda dos golfistas. Se Tiger Woods vier cá, por exemplo, não haverá mãos a medir entre a população de prostitutas de luxo no Algarve, nem cocaína suficiente para dar vazão a tanta orgia. E isto, meus amigos, é dinheirinho a entrar nos cofres dos portugueses. E de alguns colombianos.
Aumentar o IVA dos restaurantes e enviar milhares de empregados e proprietários para a bancarrota já percebo. Os turistas vêm cá mesmo é pelo golfe. São tão fixados naquilo como os putos a jogar
Playstation: nem comem, os pestinhas... É cá um vício, que nem sequer lhes passa pela careca ir ver museus ou assistir a concertos. Nem dormem só a pensar em enfiar bolinhas em buraquinhos. E ouvi dizer que dói. Por causa dos habituais deslocamentos de ombro, claro.
O que não vai descer da taxa máxima são os ginásios e as piscinas. Também percebo: se há um desporto tão saudável como o golfe, para que é que os médicos iriam recomendar aos asmáticos irem para a piscina e aos gordos irem para o ginásio? O golfe é como o Liedson, resolve: os asmáticos vão respirar o ar puro e o cheirinho a relva, e os gordos correm campo abaixo e campo acima a fazer de carrinho de
caddy. Ou então vão para o Peso Pesado e ainda recebem dinheiro.
E bolos.